ASSUFRGS celebra a memória das vítimas do acidente de 1994 no Salão de Atos
Nessa quinta-feira (21), aconteceu no Salão de Atos da UFRGS a cerimônia de homenagem às vítimas do acidente de 1994. Compuseram a mesa de abertura o Coordenador-geral da ASSUFRGS, Gabriel Focking, José Luís Rockenbach (Neco), Rui Muniz, o Pró-reitor de Gestão de Pessoas Arthur Bloise, o ex-reitor Helgio Trindade, e o atual vice-reitor Pedro Costa.
A cerimônia iniciou com a versão instrumental de “Blackbird”, canção dos Beatles, tocada por Joca Ribeiro, colega do CECLIMAR. Logo após, Gabriel Focking, em nome da coordenação do ASSUFRGS, falou da importância de celebrar a memória dos 13 colegas falecidos através das histórias contadas pelas gerações que viveram o ocorrido com maior proximidade. Em seguida, contextualizou as propostas e os temas debatidos no V CONSINTEST em Pelotas: a autonomia universitária, a terceirização, organização da estrutura sindical, entre outros. Gabriel citou os nomes das 13 vítimas fatais, junto de suas ocupações.
Muito emocionado, José Luís Rockenbach (Neco), iniciou a sua fala dizendo: “Eu considero esse o meu segundo nascimento”. Falou que a homenagem foi uma demonstração da coletividade, a qual não se restringia apenas àquele momento, já que resgatou a história da ASSUFRGS. Embora as correntes políticas dentro do sindicato divergissem, inclusive entre os presentes no Congresso, Neco disse que a pluralidade é muito importante, assim como o diálogo entre as partes, a fim de construir uma universidade e um país pautados na democracia. “A homenagem maior que nós podemos fazer aos nossos companheiros e companheiras é fortalecer a nossa organização, defender cada vez mais a universidade pública e construir um Brasil melhor”, encerra.
Rui Muniz, na sequência, também emocionado, contextualizou o período em que os participantes do V CONSINTEST e presentes no acidente estavam inseridos, de diferenças políticas, mas de muita união: “A gente estava sempre juntos, mesmo não compartilhando da mesma estratégia e leitura”, afirma. Um dos momentos mais tocantes da cerimônia foi quando Rui, durante o seu testemunho, resumiu o perfil de cada um dos envolvidos. A partir disso, aqueles que não conheciam as vítimas puderam imaginar como cada uma daquelas 13 pessoas eram, pensavam e agiam. “A minha tentativa foi esta, trazer um pouquinho deles para vocês. Foram militantes, de valor e, naquele ônibus, todos nós nos gostávamos”, finaliza.
Em seu depoimento, o pró-reitor, Arthur Bloise, disse que apesar de ter ingressado naquele ano na UFRGS, viveu o acidente. Elucidou o quão forte eram os sonhos e projetos dos 13 companheiros em uma época em que existia o respeito às diferenças entre os colegas, objeto que, segundo o pró-reitor, necessita ser resgatado: “O que a gente pode trazer de fundamental daquele momento para este é resgatar a solidariedade entre nós, a capacidade de ouvir o outro e poder construir consensos ao invés de construir, tão facilmente, dissensos.”
O reitor da UFRGS na época, Helgio Trindade, lembrou do seu mandato, o qual teve apoio da ASSUFRGS. Mencionou a eleição paritária deste ano, a qual considerou um momento extraordinariamente importante. “Eu gostaria que os movimentos compartilhassem deste momento e criassem um aprendizado, onde todos os segmentos, sejam professores, técnicos-administrativos ou estudantes aprendam a compartilhar uma gestão democrática”, diz. “Essa tragédia que nos marcou e nos deixou profundamente tristes estabeleceu as bases que eu considero importantes para retomar o grande vigor e apoio de todos os setores da universidade ao avanço democrático”, complementa Helgio Trindade.
Pedro Costa, vice-reitor da UFRGS, disse que o exercício de memória que estava sendo realizado foi muito significativo e afirma que deve ser constante. Em referência a uma leitura recente, o vice-reitor diz o quanto esse exercício de consciência mobiliza para a ação. Segundo Pedro, as falas emocionadas do Neco e do Rui representaram uma memória que tem vida.
Além disso, Pedro Costa destacou que a tragédia aconteceu vinculada ao processo de luta e, mais do que isso, à organização da luta. Pedro comentou que o que era combatido por essas pessoas em 1994 – o avanço do neoliberalismo, da privatização e da desarticulação dos movimentos dos trabalhadores – ainda é pauta atualmente, mas em uma dimensão muito maior e mais perigosa, com o avanço do fascismo, do ataque à educação e aos serviços públicos, assim como do avanço do terrorismo da extrema direita. “É o momento da gente unir discursos e lutas e enxergar quais são as verdadeiras lutas que temos que fazer. De parte da reitoria, nós estamos tentando mostrar isso em ações para sinalizar que é uma reitoria que vai defender o serviço público, a universidade pública, que vai respeitar os movimentos sindicais e sua autonomia”, pontua.
Ao final da cerimônia, Rui Muniz entregou ao vice-reitor da universidade duas propostas que já foram aprovadas pelo Conselho Universitário em uma gestão passada, porém nunca executadas: nomear ruas internas da universidade com os nomes das vítimas do acidente e nomeá-los Técnico-Administrativos Eméritos da UFRGS.
A cerimônia encerrou com a entrega de rosas brancas aos familiares presentes. A íntegra da homenagem estará disponível em breve no canal do Youtube da ASSUFRGS.