UFRGS realiza foto anual de negros e negras e concede título de Doutora Honoris Causa a Petronilha Gonçalves
Na manhã de ontem (21), a comunidade negra da UFRGS se reuniu no Salão de Atos para a foto anual dos negros e negras da universidade. Este é o oitavo ano consecutivo em que acontece a foto. O projeto foi idealizado pelo servidor Wagner Machado, uma tradição que vai além da celebração. “A foto é um momento histórico porque é quando nos enxergamos dentro da universidade, o que gera um fortalecimento de mostrar que aqui é um espaço com cada vez mais negros e negras, indígenas e trabalhadores”, afirma Tamyres Filgueira, Coordenadora-geral da ASSUFRGS Sindicato e Coordenadora-adjunta do Núcleo de Estudos Africanos, Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi UFRGS).
O Dia da Consciência Negra na UFRGS também ficou marcado pela entrega do título de Doutor Honoris Causa à professora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva. A reitora da UFRGS, Marcia Barbosa, comentou sobre a importância da cerimônia dedicada a Petronilha, “esse diploma é um reconhecimento da comunidade da UFRGS pelo trabalho de nos ensinar, de nos explicar temas de educação etnico-racial e de como é relevante esta luta antirracista que esta univerisidade de enfileira com toda esta comunidade”. Além da homenageada e da reitora, estavam presentes na mesa o vice-reitor, Pedro Costa, a vice-diretora da Faced, Aline Lemos da Cunha Della Libera e a doutoranda em educação e servidora técnico administrativa da UFRGS, Dandara Rodrigues Dorneles.
Após a entrega do Honóris Causa à Petronilha, o momento foi comemorado com dança, música e poesia. As apresentações foram feitas pelos projetos vencedores do edital que selecionou uma série de atividades culturais em alusão ao Dia da Consciência Negra: Conhecimento que ecoa com Lilian Rocha & Intervenção poética de Fátima Farias, “Rua esperança” se negra – Esefid e Coletivo Corpo Negra, Ballet Virtuose, Dança Afro-hip hop e Tambores de Freire.
Quem é Petronilha?
Petronilha Gonçalves, mulher afro-gaúcha nascida em 1942 na antiga Colônia Africana de Porto Alegre, tem sua trajetória marcada pela dedicação à educação e à luta antirracista. Inspirada pela mãe, Regina Gonçalves, primeira docente negra a receber o título de Professora Emérita no RS, Petronilha iniciou sua caminhada na UFRGS em 1954, como aluna do Colégio de Aplicação, e depois cursou Letras Neolatinas, dedicando-se ao ensino e à coordenação pedagógica em regiões de difícil acesso no estado.
Com uma extensa carreira acadêmica, Petronilha concluiu mestrado e doutorado em Educação na UFRGS, onde aprofundou sua visão sobre a necessidade de uma educação conectada à realidade social dos alunos. Atuou em projetos da Unesco e foi peça-chave na elaboração de políticas educacionais do RS. Na UFSCar, de 1989 a 2012, ampliou sua luta antirracista, fortalecendo o diálogo sobre relações étnico-raciais e consolidando seu papel como referência na educação.
Em 2002, tornou-se a primeira educadora negra no Conselho Nacional de Educação, sendo relatora de pareceres que incluíram a História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena nos currículos escolares. Ao longo de sua vida, Petronilha reafirmou o compromisso com a diversidade e a transformação social, inspirando gerações e reforçando que “Eu sou porque nós somos”.