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Bolsonaro e integrantes das Forças Armadas são denunciados por tentativa de golpe de estado, incluindo plano para assassinar presidente Lula

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou nesta terça-feira (18) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 pessoas pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. A denúncia, de mais de 270 páginas, conta com provas cabais, incluindo documentos e troca de mensagens, que comprovaram que o ex-presidente sabia dos planos de golpe, incluindo o planejamento de assassinato do Presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o Ministro do STF, Alexandre de Moraes. Chamada de “Punhal Verde e Amarelo”, a ação previa o uso de químicos para causar um colapso orgânico no presidente Lula, considerando a vulnerabilidade de saúde e ida frequente a hospitais.

O objetivo central das ações da organização era impedir que o resultado das eleições presidenciais de 2022 fosse cumprido e impedir Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de tomar posse como presidente do país. A ideia era que Bolsonaro permanecesse no poder, com anuência das Forças Armadas, mesmo sendo derrotado nas urnas.

De acordo com a PGR, o grupo:

  • agiu para descredibilizar o sistema de votação, criando e divulgando narrativas sobre fraudes nas urnas eletrônicas;
  • mobilizou aparatos de órgãos de segurança para mapear locais com votação expressiva para Lula e usou a Polícia Rodoviária Federal para realizar operações que atrapalhassem o fluxo de eleitores dessas regiões;
  • repassou material para influenciadores digitais manterem acesa a mobilização iniciada logo após a vitória de Lula, que fechou rodovias e ocupou as portas de quartéis em todo o país com o objetivo de sensibilizar as Forças Armadas a aderirem ao golpe;
  • pressionou o Alto Comando do Exército para agir com o uso da força para que Lula não assumisse a presidência;
  • estruturou um plano de ataque às instituições que incluía a morte de personagens-chave, como Lula e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Ambos chegaram a ser monitorados para a execução de possíveis ataques;
  • Augusto Heleno (Chefe do Gabinete de Segurança Institucional) e Alexandre Ramagem (Diretor-Geral da Agência Brasileira de Inteligência – Abin) utilizaram a estrutura agência de inteligência do Estado para atacar opositores e o sistema eleitoral;
  • após o primeiro turno da eleição de 2022, solicitou à Abin o levantamento de informações sobre os locais onde Bolsonaro foi derrotado;
  • via redes sociais, agiu para disseminar críticas infundadas ao sistema eleitoral, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e contra a posse de Lula;
  • discutiu, orçou e buscou apoio financeiro para as ações antidemocráticas; e
  • preparou um decreto golpista para justificar o rompimento das estruturas democráticas.

Além de Bolsonaro, confira quem são os demais integrantes do Núcleo Duro da organização Criminosa:

Almir Garnier Santos é almirante da reserva, ex-comandante da Marinha no governo de Bolsonaro. Segundo Mauro Cid, seria favorável ao golpe e disse que a sua tropa “estaria pronta para aderir a um chamamento do então presidente”.

Anderson Gustavo Torres é ex-ministro da Justiça no governo de BolsonaroFoi preso em janeiro de 2023, acusado de ser omisso e facilitar os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando ocupava o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.

Augusto Heleno Ribeiro Pereira é general da reserva do Exército e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional durante o governo Bolsonaro.

Mauro César Barbosa Cid é tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Foi preso em 2023 acusado de falsificar dados do cartão de vacina do ex-presidente e solto meses depois. Em 2024, foi preso novamente pelo descumprimento de medidas judiciais e por obstrução de justiça e solto dois meses depois.

Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira é general do Exército. Foi ministro da Defesa no governo Bolsonaro, entre 1 de abril e 31 de dezembro de 2022.

Walter Souza Braga Netto é general da reserva do Exército. Foi ministro da Defesa e Chefe da Casa Civil no governo Bolsonaro. Nas eleições presidenciais de 2022, foi vice na chapa do ex-presidente em sua tentativa frustrada de reeleição. É um dos principais envolvidos na tentativa de golpe de Estado, já que, entre outras contribuições, cedeu sua casa para a realização de uma reunião de articulação do plano.

Bolsonaro e seus apoiadores no Congresso Nacional articulam uma anistia para os golpistas. Os que defendem a democracia, desejam que a justiça seja feita e os criminosos punidos pelos seus crimes! Ditadura nunca mais! Sem anistia!

Fontes: Brasil de Fato e CNN

Imagem: Fotoarena/Estadão Conteúdo