Educadores realizam ato contra política ‘intervencionista e privatista’ de Melo para a educação
Integrantes da coordenação da ASSUFRGS, do Conselho de Representantes e da categoria, assim como educadores, monitores e professores da rede municipal de Porto Alegre participaram nesta quinta-feira (20) de um ato, organizado pelo Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) e pela Associação dos Trabalhadores/as em Educação do Município de Porto Alegre (Atempa), contra a política do prefeito Sebastião Melo para a educação, a qual consideram intervencionista e privatista. De acordo com o sindicato, o ato reuniu educadores de mais de 20 escolas municipais.
“Foi a primeira manifestação pública de denúncia para a cidade, manifestação presencial, nas ruas em relação ao desmonte que esse segundo mandato do governo Melo, está realizando na rede pública municipal de Porto Alegre”, diz Cindi Sandri, diretora-geral do Simpa. “Desde a intervenção nas escolas, quando quer acabar com a eleição direta das direções das escolas, o que nós entendemos é que é uma intervenção política para silenciar, inclusive, as denúncias que se transformaram em CPI, que tem investigação policial, usando todo tipo de argumento, desde a farsa, que nós estamos chamando assim, sobre a análise do Ideb. Ele diz que o problema é da gestão, sendo que a estrutura, tanto humana quanto física, das escolas municipais há um longo tempo já não vem sendo realizadas manutenções e obras estruturais necessárias, o número de profissionais faltantes no quadro. Quando o governo diz que já chamou um número bastante significativo de profissionais, a gente quer trazer para cá então a consideração de que ele não está fazendo mais nada além do que é a sua responsabilidade e esse número significativo, em torno de mil profissionais que ele está chamando desde o ano passado, tem a ver com o desmonte realizado já há bastante tempo na rede municipal e comprova o quanto foi desqualificada a ação pedagógica em função da falta de profissionais”, complementa.
O ato teve concentração no Paço Municipal e depois seguiu em caminhada pela Avenida Borges de Medeiros até chegar ao Largo Zumbi dos Palmares. Pelo caminho os manifestantes distribuíram panfletos para a população. Cartazes e faixas também manifestavam o descontentamento dos profissionais com a gestão da educação da Capital. Ao som de tambores, no microfone e fora dele as palavras de ordem diziam “educador na rua, Melo a culpa é tua”, “Melo chinelão, respeita a educação”, “é intervenção, direção sem eleição”, entre outras.
O sindicato critica uma série de medidas adotadas pela Prefeitura no início do ano letivo, como a transferência sumária de monitores do ensino fundamental para a educação infantil, a decisão pelo fim da eleição para diretores das escolas e a perseguição a diretores que cobraram condições adequadas para o retorno das aulas, bem como criticam a falta de infraestrutura mínima para receber os alunos nas escolas municipais.
“Foi um ato que reforça a mobilização da categoria municipária na luta em defesa do serviço público. Tivemos outras entidades representativas — Assufrgs, Cpers, Sindimetrô, por exemplo — participando conosco. Isso estimula a nossa luta coletiva contra o neoliberalismo. Seguiremos combatendo a agenda privatista na Educação e nas demais áreas do serviço público”, diz César Rolim, diretor de Comunicação do Simpa.
O prefeito Melo apresentou na última terça-feira (18) um pacote de estratégias para a educação municipal nos próximos anos. O Porto da Educação, como foi batizado o plano, prevê parcerias público-privadas para a manutenção das escolas, mudanças no plano de carreira e a criação de 7 mil vagas no ensino infantil. Outra proposta, enviada simbolicamente à Câmara durante o ato, é a criação de um abono de R$ 500 para professores dos anos iniciais, como incentivo à alfabetização.
As estratégias partem do diagnóstico de que a educação no município precisa de melhorias. “Reconhecemos que nesses quatro anos de mandato tivemos muitas dificuldades, uma delas foi não ter melhorado a qualidade da educação em Porto Alegre. Não é um fato que vem só do nosso mandato, mas agora eu vou ser prefeito por oito anos e queremos deixar esse legado de uma educação melhor”, afirmou Melo, na apresentação do programa. Segundo ele, os focos do plano são aumentar vagas na creche e a melhoria da qualidade do ensino.
Cindi afirma que os educadores da Capital vão resistir à proposta de PPPs na educação e ao que consideram ser uma intervenção política nas escolas. “Ele está trazendo para dentro das escolas com dinheiro público, sem necessidade, instituições privadas para instalar dentro da escola a sua proposta pedagógica que não tem nada de democrática, não tem nada de inclusiva. Quando algum colega se reporta ao governo questionando essas ações que estão sendo realizadas, a resposta que nós estamos recebendo é: não gostou, passa no RH”, pontua.
O Simpa vai realizar no próximo dia 13 de março uma Assembleia Geral de toda a categoria municipária, com um dos itens da pauta sendo a possibilidade de um dia de greve.
Fonte: Sul21